- Pedro Valls Feu Rosa - http://pedrovallsfeurosa.com.br -

A observação da história

A observação da História mostra que sempre foi fator decisivo para a mudança de rumos num Estado e substituição nos quadros de comando, a influência externa. Aspecto importantíssimo, nesse contexto, desenvolve a ventilação de idéias. Registra-se a extraordinária duração dos Impérios Chinês e Islâmico, com dinastias milenares, como decorrência do isolamento desses povos em sua própria cultura, mergulhados no seu passado e nos seus próprios exemplos.

Já nos países ocidentais a criação da Imprensa e o surgimento do Iluminismo propiciaram a formação, consolidação e circulação de novas idéias, ao lado das quais brotaram as correntes oposicionistas e renovadoras.

Sabe-se perfeitamente que tanto no período anterior como no decorrer de toda sua explosão, a Imprensa desempenhou papel preponderante na Revolução Francesa: livros, jornais, folhetins, panfletos, tudo servia para excitar e provocar o povo. O mesmo se pode dizer na Revolução Russa: a Polícia do Czar mostrou-se impotente para bloquear a distribuição e divulgação das “folhas” com as idéias de Marx, Lênin, Trotsky, Kerensky, etc.

Os governos totalitários cedo compreenderam a importância desses meios de persuasão e passaram a utilizá-los amplamente. Hitler, Mussolini, Franco, Salazar, Getúlio Vargas, Peron, p. ex., transformaram-se em verdadeiros ídolos do povo, através da utilização maciça e inteligente de formidável máquina de propaganda. Eram adorados e aplaudidos freneticamente pelas multidões todas as vezes que apareciam em público.

Hitler teve na Alemanha, a seu lado, Goebbels, o “mago da propaganda”. Foi logo imitado aqui no Brasil por Getúlio, que instituiu o DIP (Departamento de Imprensa e Propaganda).

Mas as democracias constitucionais do pós-guerra aprenderam rápido as técnicas implantadas e que tanto êxito obtiveram. E aperfeiçoaram-nas. Pois, como dizia Mac Kiner, “o que domina os meios de comunicação de massas domina o eleitorado; o que domina o eleitorado, domina o processo político”.

As campanhas eleitorais passaram a ser conduzidas e orientadas por técnicos de propaganda, que lançam os candidatos como se faz na promoção de um sabonete ou desodorante.

Num país como o nosso, em que há reduzidíssimo número de jornais e estações de televisão, esses grandes veículos de comunicação social são um Estado dentro do Estado.

Dada a imensa capacidade que possuem na formação de opiniões e na persuasão de consciências, sendo em certos casos o único veículo de acesso a milhões de pessoas e, também, a milhões de pessoas ao mesmo tempo, tornam-se mais fortes do que o próprio Estado.

O eleitor recebe as informações acerca dos acontecimentos políticos e sócio-econômicos – junto, naturalmente, com a sua crítica – não só através do Governo, do Parlamento e dos Partidos Políticos, mas, principalmente, com muito maior amplitude, pelos meios de comunicação social: televisão, rádio, jornais, revistas. Na época da eletrônica como a em que vivemos, os partidos, grupos de pressão ou de interesses que dominam esses veículos formadores da opinião pública dominam os eleitores e, com eles, o Poder. São os detentores invisíveis do Poder.

E a demonstração mais cabal e definitiva disso tudo, vemos em últimos acontecimentos registrados pela imprensa, nacional e estrangeira, acerca da última eleição.

Aqui no nosso País desenvolveu-se grande campanha moralizadora na imprensa contra a compra de votos, ocasionando a prisão de inúmeras pessoas, dentre as quais a do Sr. Ronivan Santiago, deputado federal eleito no Estado do Acre, que considerava o voto uma mercadoria como outra qualquer. Isso maculava a lisura do nosso pleito, e provocou tremendo escândalo.

Enquanto isso, segunda noticia o “The Times”, de 16 de setembro p.passado, eleitores alemães, na eleição recentemente realizada em seu País, anunciavam nos jornais de Frankfurt a venda de votos por 10 euros cada. Diz o comentarista que “candidatos podem comprar pacotes de votos – mil votos por 6.250 euros ou 10.000 votos por 59.000 euros”.

Houve o caso de um eleitor que oferecia seu voto – tanto no primeiro como no segundo turno – em troca de um emprego.

Registra mais ainda o comentarista que uma empresa chamada “Cashvote”, estabelecida na cidade de Kiel, negociava, com a maior simplicidade, votos individuais ou coletivos.

Aliás, como bem dizia Santo Agostinho, “o costume é uma segunda natureza”, e, “o costume vence a lei”.