- Pedro Valls Feu Rosa - http://pedrovallsfeurosa.com.br -

As agulhas que existem no mundo inteiro

Há poucos dias o Brasil e o mundo acompanharam o caso da infeliz criança que teve inseridas dentro de seu corpo dezenas de agulhas. Até onde acompanhei pela imprensa, este lamentável ato teria sido praticado no contexto de um dado “ritual”.

Este episódio me trouxe à memória uma notícia que li no jornal “Daily Monitor”, de Uganda, dando conta de que a cada dia uma criança é raptada naquele país para ser utilizada em rituais “religiosos”. Segundo a reportagem, a esmagadora maioria delas acaba morta em cerimônias de sacrifício. Registrou-se, ainda, que diversos pais estão optando por, preventivamente, lesionar seus próprios filhos a fim de que eles não mais sejam objeto da cobiça dos feiticeiros.

Na Nigéria não é diferente: recentemente a Polícia prendeu um elemento conhecido como “bispo” Sunday Ulup-Aya, especializado em localizar e matar “crianças-bruxas”. Este sinistro personagem, durante sua não menos sinistra “carreira”, ceifou a vida de impressionantes 110 inocentes crianças.

Já no Burundi e na Tanzânia só as crianças albinas são sacrificadas, em rituais de medicina tribal. Enquanto isso, na Índia, um morador da cidade de Tirupati, conhecido como Yanadi Kondaiah, andava espalhando ser santo e ter poderes curativos em sua perna direita. Não deu outra: ele acabou sendo atacado por desconhecidos, que amputaram sua perna “milagrosa” e fugiram.

Ainda naquele país, na cidade de Barha, situada a apenas três horas de carro da capital, recente reportagem da BBC denunciava a morte de dezenas de crianças em rituais de sacrifício humano. Chamaram-me a atenção, especialmente, os inúmeros casos de crianças que, sob as ordens de um “sacerdote”, torturavam, estrangulavam e matavam outras crianças, queimando-as em seguida para fins de “purificação” – de acordo com os “sacerdotes”, ao aspirarem a fumaça da cremação elas estariam puras novamente.

Há também os casos de linchamento de pessoas acusadas de feitiçaria, comuns em Angola. Não faz muito tempo li acerca de um deles, acontecido na vila de Lumege: um tal de José Muquimba acabou espancado até a morte sob a acusação de ter “poderes sobrenaturais”.

Os casos de fanatismo são mesmo inúmeros! Na Argélia seis pessoas foram condenadas a quatro anos de prisão pelo crime religioso de “comer em público”. No Irã, recente ação policial prendeu cinco barbeiros sob a acusação de terem cortado cabelos de clientes “à pecaminosa moda ocidental”. Registre-se ainda a prisão de 250 pessoas, acusadas de terem celebrado a passagem de ano!

Em Israel, um “Tribunal Ortodoxo” de uma seita radicada em Jerusalém proibiu as vendas de aparelhos de música MP4, considerando-os um “mecanismo pecaminoso” e uma “praga”. Alguns adeptos desta doutrina chegaram a depredar lojas de produtos eletrônicos em seguida à decisão. Esta mesma seita busca agora a proibição do uso de computadores, considerados um “mal disfarçado”.

Na Arábia Saudita, agentes da polícia impediram que quinze adolescentes deixassem uma escola que ardia em chamas, pois estavam sem véu para cobrir os rostos. Parece inacreditável, mas as meninas morreram sob as vistas dos impassíveis policiais por não terem às mãos um simples véu!

Diante destes casos, e de tantos outros, fico a pensar na séria acusação de Blaise Pascal, segundo quem “nunca o ser humano pratica o mal tão completamente e com tanto prazer como quando o faz por convicção religiosa”.