- Pedro Valls Feu Rosa - http://pedrovallsfeurosa.com.br -

Confrontos & análises

A curiosidade e a pesquisa em torno do crime e do criminoso remontam a séculos e séculos.

Vale relembrar, desde logo, o nome de Mencius. Forma latinizada de Meng-Tzu, viveu nos anos 371 a 289 antes de Cristo. Filósofo chines cuja vida é extraordinariamente semelhante à de Confúcio. Como Confúcio, nasceu naquilo que é hoje a moderna Província de Shantung. Foi abandonado por seu pai com cerca de 3 anos de idade. Viveu num período de caos político, social e desorganização cultural, e conflito intelectual. Tornou-se um professor profissional. Viajou durante cerca de 40 anos de Estado a Estado, defendendo reformas, e finalmente ficou desapontado e abandonou tudo. Defendia Confúcio como um sábio e mestre. Como Confúcio, declarava que “é melhor não ter história nenhuma do que acreditar em todas as histórias”.

O ponto central da filosofia de Mencius é sua doutrina da natureza bondosa do homem desde sua origem, o primeiro na história da China. De acordo com ele, “a natureza humana segue o bem exatamente como a água procura o nível mais baixo”. “Todos os homens têm o sentimento de comiseração, o sentimento de vergonha e desgosto, o sentimento de deferência e complacência, e o sentimento do certo e do errado”. Estes são os quatro impulsos para o amor, correção, propriedade e sabedoria. Eles não nos são empurrados para dentro. Estamos originariamente dotados deles”.

Esta doutrina da bondade original do homem é diametricalmente oposta à dos seus contemporâneos.

Ainda no Oriente antigo, Mazda era o supremo Deus dos iranianos, cuja origem remonta aos tempos de Zoroastro, no século 6 antes de Cristo. De acordo com Zoroastro, Ahura Mazda criou os espíritos gêmeos Spenta e Angra Mainyu, o primeiro bondoso, escolhendo a verdade, a luz e a vida, e o segundo destruidor, escolhendo a mentira, a escuridão e a morte. Sua luta de um contra o outro faz a história do mundo.

No mazdaismo um e outro dominam por certo tempo, alternadamente, até que o bem triunfa para sempre.

Por outro lado, análises criminológicas contemporâneas observam que o verdadeiro criminoso é facilmente reconhecível por qualquer policial experiente. Destaca-se pelas roupas extravagantes, pelo uso ostensivo de armas, pelo olhar intimidativo, pela arrogância como se comporta em qualquer ambiente, e, sobretudo, pelo modo de falar, cheio de gírias e expressões atrevidas.

O verdadeiro criminoso tem seus ídolos: Al Capone, Don Corleone e outros nomes famosos no mundo do crime.

Nosso querido e saudoso amigo, José Antonio de Figueiredo Costa, que assinava suas maravilhosas crônicas apenas como “José Costa”, falando sobre nossa querida terra, referia-se a Vitória nos seguintes termos:

“A pacata cidade mal abria os olhos para a perspectiva de se transformar no tumulto ruidoso que está aí. Crime, quando havia, era ao encargo de profissionais, assim tão, digamos, criteriosos em sua violência específica, que seriam considerados cavalheiros de princípios perto dos celerados sanguinários de hoje, degenerados, totalmente irresponsáveis, que estupram e degolam e metralham e rasgam as vísceras de inocentes por um nada”.

E José Costa, aquela figura humana admirável sob todos os aspectos, acabou vitimado exatamente por essas tristes figuras que descreveu.

Analisando as causas e origens de tanta maldade, o Professor Romulo Penina escreve que: “É necessário uma ecologia da ação, pois vivemos uma crise de ética. Estamos assistindo a um fenômeno de regressão à barbárie, que começou com os países totalitários, o Congo, a Albânia, a Iugoslávia. Agora, àquela se une a outra barbárie, a econômica. São vistos apenas os números, as quantidades, os lucros, sem identificar a destruição cultural humana”.

Atravessamos, efetivamente, uma época em que parece prevalecer aquela famosa filosofia do faroeste americano: “make money, honestly if you can”, repetindo o pensamento de Horácio, quando dizia: “Ganhe dinheiro, se puder ganhe dinheiro por meios justos, senão, ganhe dinheiro de qualquer forma”.