- Pedro Valls Feu Rosa - http://pedrovallsfeurosa.com.br -

Dever de casa

Dia desses li que em 2016 as microempresas – e só elas – empregaram, no Reino Unido, nada menos que 4,1 milhões de pessoas, movimentando impressionantes US$ 732 bilhões. São números absolutamente vistosos, que comprovam a importância deste ramo da economia. E tão mais sério este quadro quando, de acordo com um estudo realizado pela Enterprise Research Centre, estes números poderiam ser bem maiores! Para ser exato, poderiam ser US$ 22 bilhões maiores.

Qual a receita? Segundo os pesquisadores, bastaria a adoção de algumas ferramentas tecnológicas básicas, todas elas relacionadas à área digital e já disponíveis em praticamente todos os lugares – Brasil incluído.

Descobriu-se, por exemplo, que o uso de plataformas “em nuvem”, que permitam o acesso de dados em qualquer local e horário, corresponde a um aumento nas vendas de produtos e serviços da ordem de 13,5% por empregado. Outra constatação: se uma microempresa utiliza programas de gerenciamento da relação com os clientes suas vendas são, via de regra, 18,4% maiores.

Este estudo reflete, antes de tudo, a lógica: imagine, por exemplo, o ganho de horizontes que uma empresa aufere ao expor e vender seus produtos pela Internet! Paradoxalmente, no entanto, 25% das microempresas do Reino Unido simplesmente não fazem uso destas tecnologias.

Anunciou-se, em consequência deste estudo, um plano governamental cujo objetivo é precisamente estimular o uso adequado, por parte das microempresas, da excelente infraestrutura digital oferecida por aquele país.

Enquanto isso, aqui no Brasil, leio nos jornais que “a falta de luz e água afeta 18% das microempresas”. No mesmo sentido: “Os pequenos negócios, responsáveis por 27% do PIB brasileiro, estão com dificuldades para conseguir empréstimos no BNDES”. Ainda: “A informalidade laboral afeta 60% das microempresas da América Latina” – Brasil incluído. E as ferramentas tecnológicas? Lá vai: “42,5% dos mais de 200 milhões de brasileiros ainda não estão incluídos no mundo digital”. Não nos esqueçamos, finalmente, das absurdas cargas burocrática e tributária.

É quando, com o espírito angustiado, contemplando um dos povos mais criativos e empreendedores do planeta, fico a pensar que se a Microsoft e a Apple fossem brasileiras ainda estariam nas garagens que lhes serviram de berço.