- Pedro Valls Feu Rosa - http://pedrovallsfeurosa.com.br -

Dos políticos

Constantemente lemos e ouvimos críticas contundentes e violentas aos nossos homens públicos, e, especialmente, aos políticos, que já são designados em geral como integrantes de uma chamada “classe política”.

Os grandes filósofos da antiguidade colocavam os políticos no ponto mais elevado da pirâmide social. Entendiam que o exercício da política exige uma capacidade excepcional, de que só são dotados os “abençoados dos deuses”.

Realmente, o homem para exercer a vida pública precisa possuir antes de mais nada, uma capacidade de liderança. Tem que se impor à confiança dos seus concidadãos, inspirar-lhes amizade, respeitabilidade, segurança.

Nos países democráticos o lider político aparece como representante de uma determinada corrente de opinião pública, que lhe deposita confiança por acreditar nas suas mensagens, por apoiar suas teses e estar de acordo com suas idéias.

Os políticos, numa democracia, não são nada mais nada menos do que um perfeito reflexo da sociedade, com suas imensas qualidades e seus terríveis defeitos.

Para mostrar e evidenciar claramente que não se pode nem se deve considerar a “classe política” como corrupta e degradada, generalizadamente, como comumente se dá a entender, queremos ressaltar, com saudade, quatro personalidades da vida pública do nosso Estado, falecidas há bem pouco tempo.

Referimo-nos a José Parente Frota, Oswaldo Zanello, Emir de Macedo Gomes e Jefferson de Aguiar. Conheci e convivi bem de perto com eles, acompanhando-os em grande parte de suas vidas públicas, estando, portanto, em perfeitas condições para depor a seu respeito.

Foram, sem dúvida alguma, quatro homens sérios, de honestidade a toda prova. Dotados de elevado espírito público, souberam se impor à confiança dos seus concidadãos, sendo eleitos e reeleitos em sucessivos mandatos. Nunca lhes foi lançada qualquer suspeita de desonestidade. Morreram – pode-se dizer – pobres, vivendo até o final de suas vidas, como cidadãos de classe média. A única fortuna que deixaram para seus sucessores foi o nome limpo e honrado.

José Parente Frota veio para cá no exercício de sua carreira militar. Subindo gradativamente de posto, acabou Comandante do 3º Batalhão de Caçadores (atualmente 38º B.I.). Democrata autêntico, tornou-se admirado e respeitado por seus subordinados. Tratava a todos com urbanidade e consideração, independentemente do posto ou função. Exerceu o cargo de Chefe de Polícia (atualmente Secretário de Segurança), numa época em que aqui campeavam a criminalidade e o arbítrio policial. Restabeleceu o princípio de autoridade e propiciou ordem e tranquilidade à sociedade. Em todas suas campanhas políticas era apoiado entusiasticamente por todos aqueles que com ele haviam trabalhado, e pelo povo em geral. Homem respeitado e amado.

Oswaldo Zanello tinha duas características essenciais: era combativo e idealista. Na sua mocidade pertenceu à Ação Integralista Brasileira, movimento que, sob a liderança de Plínio Salgado, dava ênfase aos ideais nacionalistas e sonhava em reformar o Brasil. Sofreu sob a ditadura getulista, tendo sido preso e até mesmo torturado inúmeras vezes. Restabelecida a democracia, ajudou a formar o Partido de Representação Popular (PRP) assumindo papel destacado nas correntes oposicionistas de então, lutando brava e indormidamente contra as forças poderosas que haviam apoiado a ditadura. Criticava corajosamente os governos, enfrentou críticas e ataques, sem dó nem piedade. Ninguém nunca, jamais, em tempo algum, colocou em dúvida sua honestidade. Apesar dos relevantes cargos que exerceu, morreu com as mãos limpas como sempre viveu.

Emir de Macedo Gomes, como médico, atendia permanentemente o povo humilde de Linhares – sua base eleitoral – e, em decorrência de sua dedicação, recebeu inúmeros mandatos eleitorais, exercendo vários cargos públicos, onde sempre se destacou pela sua retidão, equilíbrio e honestidade inatacável.

Jefferson de Aguiar, por sua vez, como Advogado, começou sua vida pública defendendo os interesses dos trabalhadores. Como naqueles tempos não havia sindicatos fortes e bem estruturados, era ele quem representava as classes operárias na Justiça. Na porta de seu escritório formavam-se filas enormes de reclamantes. Graças à sua invejável cultura – foi um dos homens mais cultos que conheci em toda minha vida – projetou-se e conquistou, também, inúmeros mandatos. No Governo Juscelino Kubitschek era lider do Governo no Senado, e, não obstante denúncias e mais denúncias de desonestidades e irregularidades em inúmeros setores administrativos, principalmente na construção de Brasília, nunca seu nome foi sequer citado nos inquéritos e denúncias às mancheias que se produziram.

O Espírito Santo ofereceu à vida pública brasileira, inegavelmente, quatro exemplos extraordinários de homem público.