- Pedro Valls Feu Rosa - http://pedrovallsfeurosa.com.br -

Fim de século

Os grandes temas de debate contemporâneos se resumem em particular na luta entre duas filosofias ou sistemas de vida: o capitalismo e o comunismo. Dentro da interpretação capitalista deve-se incluir, também, o direito à livre iniciativa.

Considerando-se que o Capital procura sempre a sua própria multiplicação em escala ilimitada, sem peias e sem pudores, dedicando-se muitas das vezes a empreendimentos meramente especulativos e danosos à coletividade, não se pode considerar um sistema dessa natureza o ideal para o ser humano.

Já o comunismo por sua vez, que veio duma inspiração às avessas de Marx aos princípios de Hegel, partindo duma idéia de coletivização acabou descambando para a transformação do homem numa peça da infernal e colossal máquina do Estado. Enquanto alguns filósofos e pensadores entendem que o Estado existe para organizar a sociedade e propiciar melhores condições de vida e tranqüilidade aos cidadãos – enfim que o Estado trabalha para o homem; os marxistas classificam que o homem deve agrupar-se e trabalhar para o Estado em sua marcha para o infinito.

Contra os princípios puros e simples daquilo que se convencionou chamar de ditadura do proletariado e o capitalismo selvagem, andaram aventando as hipóteses de um socialismo mitigado, fundando-se uma escola eclética, dosando-se as misturas de um e outro método.

Mas a prática tem demonstrado na História que as dificuldades são imensas para destruir barreiras de privilégios e de estruturas numa sociedade organizada. Repletos de interesses e de vantagens, os donos da situação descambam avidamente para a avareza e a sede de poder.

Tanto o capitalismo como o comunismo têm a tendência de marcharem para a tirania. O capitalismo através da compra dos meios de produção, de transporte, de comunicação, de vendas ao consumidor, do controle da imprensa e finalmente pela interferência aberta e escancarada nos problemas e nas coisas do Governo; o comunismo, por seu lado, pelo estabelecimento de um estado policial, sob a força das armas e a escravização do povo, já não mais à entidade espiritual e teórica do Estado, mas aos donos do Poder.

Daí chegamos à conclusão de que a grande solução filosófica contemporânea reside no fortalecimento do cristianismo. Só um novo pensamento de Humanidade revolucionando os usos e costumes da época presente possibilitará o levantamento dos padrões morais e éticos dos homens.

O maior trabalho em favor da paz quem o está fazendo não são os embaixadores e diplomatas nas suas reuniões periódicas sob o estampatório da publicidade, em Bruxelas, Viena ou Genebra. A tarefa primordial é dos grandes líderes cristãos, que no púlpito ou nas escolas geram uma mentalidade anti-belicista.

O mais importante combate ao subdesenvolvimento, à fome e à miséria dos países mais atrasados do globo, que, sendo constituídos de 75% da população mundial só consomem 22% dos alimentos produzidos, são exatamente os cristão em seu trabalho persistente e incansável.

Missionários católicos e protestantes de todas as seitas, lançam-se nas selvas, mergulham nas regiões mais desgraçadas semeando a esperança e distribuindo às sobras das mesas dos povos ricos e desenvolvidos, numa mensagem de esperança; pregadores e sacerdotes de todas as religiões cristãs arrancam dinheiro das classes privilegiadas da França, Alemanha, Inglaterra, Estados Unidos, Itália, Suíça, etc., e o transferem para Ásia, África e América Latina. Tiram dos poucos que têm muito para darem aos muitos que têm pouco, na frase de Kennedy.

Muito mais do que a agudeza das baionetas e o poder das bombas, vale a força moral da civilização.