- Pedro Valls Feu Rosa - http://pedrovallsfeurosa.com.br -

O 4 de julho

O indivíduo que passar o 4 de julho nos Estados Unidos vai, realmente, ficar espantado com o sentimento nacionalista daquele povo. Todo o País está em festa. De norte a sul, e de leste a oeste, desde as grandes cidades até os mais modestos lugarejos, há maravilhosos desfiles escolares e das sociedades civis e militares em geral.

Quem marcha pela rua não são apenas estudantes e militares. É o povo em geral, representado por todas suas classes sociais: funcionários, homens da produção, do comércio e da indústria, exibindo seus produtos e o resultado de sua criação, dando gritos e brados entusiásticos àquela data, tão significativa, que emociona os corações mais simples.

Vê-se, por todo canto, o povo, alegre e feliz, exaltando o passado e a grandeza da Pátria. São organizados shows, em todas as estações de rádio e de televisão, e, sobretudo, nas praças públicas, lotadas por uma multidão imensa, cantando músicas marciais, entremeadas com os grandes sucessos do momento.

Em todos os eventos observa-se a participação de orquestras, regidas pelos maiores maestros do País, artistas de rádio e de televisão, ídolos nacionais da música, das artes e da literatura.

A juventude participa entusiasticamente da grande Festa Nacional, cantando, bradando e dançando, praticando acobracias e vestindo roupas regionais e/ou tradicionais, relembrando o passado e os grandes acontecimentos históricos.

Em Nova York, a maior cidade do País, juntam-se na Times Square milhões de pessoas, comemorando entusiasticamente o “Independence Day” (Dia da Independência). A Times Square é uma praça situada no coração de Nova York, no cruzamento da Broadway com a Sétima Avenida, extendendo-se da rua 42 até a rua 45. Fica apinhada de gente: uma multidão incalculável.

Amontoam-se, ali, pobres e ricos, pessoas oriundas de todas as raças e de todos as camadas sociais. Juntam-se operários e magnatas da indústria e do comércio, banqueiros e donos de multinacionais. De crianças e jovens até os mais importantes políticos regionais e nacionais. Atores famosos e artistas de cinema, tanto os aposentados e já “arquivados” até os maiores sucessos do momento.

Ali deixam-se de lado as preocupações e sofrimentos de cada um na labuta diária, para todos, como se fossem um só homem, saudarem o Dia da Pátria.

Assim como se costuma fazer no Natal e Ano Novo, e, também no Dia de Ação de Graças, reunem-se as famílias ao redor da mesa para um jantar comemorativo daquela data especialíssima e profundamente significativa.

Em Washington desenrola-se outro grandioso espetáculo. Com a presença do Presidente da República, seus Ministros; do Presidente da Suprema Corte e Ministros; dos Presidentes do Senado Federal e da Câmamara dos Deputados e demais membros do Congresso Nacional, desenrola-se espetáculo inesquecível perante enorme multidão.

Há, também, exibição pirotécnica. Durante quase uma hora todos, extasiados, observam o céu avermelhado pela luminosidade dos fogos de artifícios apresentando desenhos e formas curiosas e originais.

Apesar da fabulosa variedade de exibições e de manifestações, há, entretanto, algo em comum: a explosão do sentimento nacionalista, a profusão de bandeiras e o entusiasmo com que se canta o Hino Nacional.

Chama a atenção, sobretudo, o porte orgulhoso e altaneiro como o norte-americano canta o hino nacional. E como se veste com trajes típicos e próprios de suas passagens históricas. Nota-se no semblante de jovens e velhos, homens e mulheres, a emoção e felicidade de estarem comemorando o dia do seu País.

Custa a entender se o americano faz isso porque é uma grande Nação – a mais poderosa do mundo – ou se tornou uma grande Nação porque faz isso.

Podemos dizer, sem receio de contestação, que não há no mundo povo mais nacionalista do que o norte-americano.

Fazemos esse registro para acentuar o contraste com o que se passa neste nosso Brasil brasileiro. Aqui, muito ao contrário, procura-se ridicularizar o nacionalismo, falando-se numa suposta “globalização” e tachando-se os nacionalistas de “jurássicos”, ultrapassados e ignorantes do passar dos tempos.

Bem a propósito, vale relembrar um dos nossos mais brilhantes intelectuais quando dizia que “nacionalista é um indivíduo que tem logo um infarto, e fica desgraçado para sempre, ao verificar que o Brasil não foi descoberto e colonizado por brasileiros”.