- Pedro Valls Feu Rosa - http://pedrovallsfeurosa.com.br -

Paralelos

O mundo está assistindo, estarrecido e apavorado, ao que se passa, nos dias de hoje, no conflito entre Estados Unidos e Iraque.

De um lado, a superpoderosa nação norte-americana, armada até os dentes, dotada de recursos bélicos, sociais e econômicos fabulosos e até mesmo incalculáveis. Dispõe de milhares de bombas atômicas, bombas de hidrogênio e poderio militar que supera tudo que jamais se poderia pensar que pudesse surgir na imaginação humana.

O Iraque, por sua vez, é uma das civilizações mais antigas do mundo, tendo surgido mais ou menos aos quatro mil anos antes de Cristo.

Sua população é de, aproximadamente, 20 milhões de habitantes. Nascimentos: média de 5 filhos por mulher. Seus índices de mortalidade infantil são dos mais altos do mundo, sendo que os últimos registros dão 122 mortes de crianças abaixo de 5 anos para cada mil nascimentos.

No Iraque quase cinquenta por cento dos alimentos consumidos são importados de outros países.

A média de vida humana, lá, não vai além dos 60 anos, enquanto nos Estados Unidos e países do Ocidente, já anda beirando os 80 anos.

Quando se assiste, através de todos os meios de comunicação do mundo as palavras violentas e ameaçadoras do Presidente Bush com relação ao Iraque, vêm à memória certos paralelos bastante oportunos.

Se não, vejamos:

Qualquer um que se debruçar um pouco sobre as páginas da mitologia vai encontrar, desde logo, duas figuras notáveis.

Temos, antes de mais nada, Júpiter, assim designado pelos latinos e romanos, e chamado de Zeus, pelos gregos. Era encarregado de manter a ordem no Universo, e para isso lançava três espécies de raios, com o quais destruía toda e qualquer coisa que bem lhe aprouvesse, nos reinos do céu e da terra. Pois era considerado Senhor do sol e dos fenômenos celestiais.

Qualquer um que ousasse contrariá-lo seria sumariamente executado. A ira jupiteriana descia implacável, sem dó nem piedade, quer se tratasse de pessoa, pessoas, vilas, cidades, reinos ou Impérios.

Júpiter era também protetor do vínculo conjugal, e os noivos, no momento do casamento, lhe ofereciam prendas – animais ou coisas – em adoração.

Por outro lado, Esopo era natural da Frígia – pequeno país da Ásia Menor que, de conquista em conquista, acabou pertencente ao Império Romano, até desaparecer.

Segundo consta, viveu no século sexto antes da era cristã, ou, mais precisamente, de 570 a 526 antes do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Registra Herodoto que Esopo, entre os gregos, em Atenas, tinha fama de sábio e decifrador de enigmas. Mas, de fato tornou-se famoso pelas suas fábulas.

Devido ao seu modo hilariante de narrar fatos e dar-lhes conteúdo moral, com grandes ensinamentos, que representavam valiosos conselhos, passou a fazer parte da própria sabedoria popular, tornando-se famoso tanto dentre os gregos como dentre os ocidentais.

Bem a propósito, ainda hoje vale relembrar Esopo quando narra a triste história entre o lobo e o cordeiro, mais ou menos nos seguintes termos:

“Ao ver um cordeiro à beira de um riacho, o lobo quis devorá-lo, mas era preciso ter uma boa razão. Apesar de estar na parte superior do riacho, acusou-o de sujar sua água, o que o impedia de matar a sede. O cordeiro se defendeu:

– Eu bebo com a ponta dos lábios e, mesmo, como eu ia sujar a água se ela está vindo daí de cima, onde tu estás?

Como ficou sem saber o que dizer, o lobo replicou:

– Sim, mas no ano passado insultaste meu pai.

O carneiro respondeu:

– Eu nem era nascido…

O lobo não se calou:

– Podes te defender como quiseres que não deixarei de te devorar.

E conclui:

“Quando alguém está disposto a nos prejudicar de nada adianta nos defendermos”.