- Pedro Valls Feu Rosa - http://pedrovallsfeurosa.com.br -

Um bom modelo

Imagine-se em uma maternidade. Seu filho acabou de nascer. Enquanto você comemora, feliz, a aurora de mais um ser humano, motivo de esperança para toda a humanidade, seu telefone celular acusa a chegada de uma mensagem. Que mensagem seria essa?

Veja só: trata-se do governo, cumprimentando-o pelo nascimento do seu filho. E comunicando que seu nome já está incluído na lista do que aqui chamaríamos “salário-família”. Avisando que sua licença (maternidade ou paternidade) já está sendo comunicada ao seu empregador – e que só lhe restará descansar e celebrar o momento. Informando que o procedimento de registro do nome da criança será feito automaticamente, assim que o nome for fornecido ao hospital. E avisando que se houver necessidade de algum suporte do governo local este estará disponível pela Internet.

A criança se desenvolve. Seus país precisam colocá-la em uma creche. Basta solicitar o serviço pela Internet, e todo o resto será feito automaticamente. Acredite: não será necessária a apresentação de um único documento!

Chegado o momento de iniciar a vida escolar, automaticamente é selecionada a escola mais próxima e feita a matrícula da criança – sem que seja necessária qualquer intervenção dos pais. O desempenho escolar é acompanhado, e a família é constantemente informada a respeito.

Inicia-se a vida adulta. Da emissão de uma carteira de motorista à liberação do financiamento para a aquisição de moradia, tudo é feito literalmente “sem papel” – basta uma identificação positiva através de nome de usuário e senha.

Ao longo de sua vida você nunca, mas nunca mesmo, terá que fornecer ao governo uma informação que ele já tenha – não existem, lá, “certidões”, “atestados de residência” e outros monstrengos criados pela sanha criativa da burocracia.

Acredite: isto já existe. Na Estônia. Calculou-se que se esta filosofia de administração fosse replicada pelo planeta afora haveria uma economia de US$ 3,5 trilhões a cada ano – uma vez e meia o PIB do Brasil. Uma iniciativa mais modesta, no Reino Unido, poupou US$ 772 milhões entre 2011 e 2016.

Agora vá à janela. Contemple o mal que o inferno da burocracia nos causa, fruto da vaidade e cobiça pequenas de alguns poucos representantes da mediocridade. E reflita: será que não já passou da hora de enfrentarmos este problema?