- Pedro Valls Feu Rosa - http://pedrovallsfeurosa.com.br -

Violência: quando a vida imita a arte

Dia desses dizia a um dileto amigo sobre minha intenção de redigir algo sobre o impacto que a violência nas telas de televisão e cinema causa nas crianças e nos índices de criminalidade.

Fui prontamente desaconselhado a escrever sobre tal tema, pois seria politicamente incorreto questionar a liberdade de expressão. Porém, inimigo incorrigível que sou da “ditadura do politicamente correto”, segue meu pequeno texto.

Começo por um relatório produzido pela Sociedade Internacional de Pesquisa sobre Agressividade, no qual lê-se que “as evidências indicam que a violência exposta na mídia pode atuar como um gatilho para pensamentos agressivos ou sentimentos já existentes”.

Ao aprofundar minha pesquisa, deparei-me com um outro estudo, produzido pela Academia Norte-Americana de Pediatria, denominado “Tendências à Violência com Armas de Fogo em Filmes”. Separei algumas frases: “Pesquisas prévias demonstraram que a mera presença de armas eleva os níveis de agressividade, compondo o “efeito das armas”: a violência nos filmes tem aumentado ao longo do tempo, e isto aumenta o número de agressões”.

Segue, então, uma constatação assustadora: “Os resultados mostram que a violência nos filmes mais do que dobrou desde 1950, e o número de atos violentos praticados com armas de fogo mais do que triplicou desde 1985”. Querem mais? Lá vai: “desde 2009, programas destinados a um público com idade inferior a 13 anos apresentam tanta ou maior violência que aqueles anteriormente destinados a maiores de 17 anos”.

Transcrevo, a seguir, um outro parágrafo: “Mais de 50 outros estudos constataram a existência do “efeito das armas”, tanto dentro como fora de laboratórios, sobre pessoas calmas e agressivas. Armas podem induzir agressividade mesmo quando as pessoas não as veem. Em um dos estudos, por exemplo, pessoas que foram expostas a palavras simplesmente descrevendo armas (revólver, por exemplo) por apenas 0,17 segundo mostraram maior agressividade posterior que aquelas expostas a termos neutros (água, por exemplo). Estas descobertas sugerem que há uma forte ligação entre armas e agressão na memória das pessoas”.

Encontrei, então, uma preocupante nota pública de seis importantes organizações norte-americanas: “A conclusão da comunidade responsável pela saúde pública, baseada em 30 anos de pesquisas, é que assistir filmes violentos pode induzir atitudes, valores e comportamento mais agressivos, especialmente em crianças”.

Qual seria a extensão de tal indução? Com a palavra a Escola de Medicina de Nova York: “crianças que assistem cenas de violência e jogam videogames violentos são 11 vezes mais propensas a apresentarem comportamentos agressivos”.

Prossegui em meus estudos. Descobri um alerta da Associação Americana de Psicologia, no sentido de que antes de completarem o 1º grau as crianças norte-americanas já viram 8.000 assassinatos e 100.000 atos de violência na TV.

Enquanto isso Devin Moore, um americano comum, viciou-se em um violento videogame no qual o objetivo é roubar carros e matar policiais. E eis que um belo dia, sem o menor motivo, ele saiu pela rua decidido a roubar um carro. Acabou preso. Ao chegar na Delegacia, pegou uma arma e matou três policiais. Este jovem de apenas 22 anos, ao ser condenado à morte, declarou algo chocante: “a vida é como um videogame: uma hora você morre”.

Pois é: concluí que ser assassinado deve ser politicamente correto!