A gravata limpa e a sopa do dia

Cada um de nós já soube de pelo menos alguma festa que tenha dado errado. São azares que fazem parte da vida. Não dá para evitá-los. O negócio é torcer para que não aconteçam – mas eles acabarão acontecendo, conosco ou com alguém.

Há poucos dias fiquei pensando sobre isso, ao ler uma compilação das piores festas de casamento de todos os tempos. Algumas seriam até cômicas se não tivessem sido trágicas. Mas todas, sem exceção, parte da incrível e imprevisível aventura que é viver.

Vou começar recordando o caso do japonês Tatsuhiko Kawata. Imaginem que o dito cujo descobriu, na véspera do casamento, que não queria mais ir ao altar. O problema é que ele estava envergonhado de confessar isto para sua noiva, os parentes e os convidados. A solução que ele arrumou: tacou fogo no hotel em cujas dependências o casamento iria acontecer. Foi um pandemônio: convidados e noiva fugindo desesperados, os bombeiros tentando controlar o incêndio e a polícia atrás de Tatsuhiko – que pelo menos permaneceu solteiro. Preso, mas solteiro.

Quem também acabou no xadrez foi a noiva inglesa Nicola Hutin. Na festa de seu casamento, muito alegre, ela começou a beber descontroladamente. Daí para uma briga com um dos convidados foi um pulo. O problema é que ela resolveu brigar de faca na mão, e quase que as bodas acabaram no necrotério municipal.

Por falar nisso, merece menção a incrível festa de casamento realizada em Astrakhan, na Rússia, durante a qual um dos convidados sacou uma pistola e começou a brincar de roleta-russa. Sobrou para um dos infelizes participantes do sinistro torneio, que acabou se ferindo gravemente.

O episódio seguinte aconteceu em Houston, nos Estados Unidos. Durante uma festa de casamento um dos convidados decidiu assaltar, a bico de revólver, o DJ. Como ele nada tinha de valor, o convidado-ladrão acabou dando uns tiros para o ar e roubando dos noivos um jarro de cristal. Naquele mesmo país um meliante sequestrou o carro que levava uma noiva para a igreja – mas felizmente tudo acabou bem.

Não menos sofrido foi um casamento realizado em Melton, no Reino Unido. Para começar, um dos pajens começou a ficar roxo, teve um colapso e foi levado às pressas para um hospital. Poucos minutos depois foi a vez da mãe do noivo perder os sentidos – foi socorrida pela mesma ambulância que havia levado o menino. Logo depois que os médicos saíram levando a senhora para o hospital um dos convidados passou mal, ao receber pelo celular a notícia do falecimento de seu pai. Durante a festa do casamento – sim, eles insistiram em manter a festa – uma peça de vidro caiu sobre a cabeça de uma criança, causando diversos cortes. Logo depois outra criança caiu e abriu a cabeça. Um caso sério, este casamento.

Mas o episódio mais incrível de todos vem lá da Itália. Trata-se da noiva que derrubou um avião ao praticar o tradicional ato de jogar um bouquet de flores para as mulheres presentes. Tudo começou quando os dois pombinhos tiveram a ideia de alugar um avião para irem embora da festa e lá de cima jogarem as flores para os convidados. E assim fizeram. O problema é que as flores foram sugadas pelo motor, que pegou fogo. Seguiu-se a queda do avião no meio dos convidados. Felizmente ninguém morreu, e apenas um dos passageiros machucou-se com o acidente.

Contemplando tantas confusões, acabei por me lembrar de um curioso pensamento: uma gravata limpa sempre atrai a sopa do dia!

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