A nossa energia

Dia desses li um interessante relatório produzido pela Energy Intelligence, segundo o qual das 30 maiores empresas do ramo de exploração de petróleo do planeta nada menos que 22 são controladas por seus respectivos Estados. Examinando mais de perto a relação das empresas, percebi que, das cinco maiores, quatro são estatais. Das 10 maiores, 6. E das 15 maiores, 10.

Há, também, evidentemente, as empresas privadas. Li que nos idos de 1950 elas participavam com 55% da produção de petróleo do planeta – atualmente, segundo dados relativos a 2010, esta participação é de apenas 10%. Tradução: a produção das empresas estatais, pelo planeta afora, só tem feito crescer.

É interessante, assim, que, em contraste com este cenário mundial, o nosso país esteja a caminhar em sentido outro, qual o da privatização! Mais interessante ainda é estudarmos o curioso valor que tem sido dado ao petróleo de uns tempos para cá.

Estamos a falar de um produto arrancado de forma custosa e perigosa das entranhas da terra, por vezes apenas após vencidas as profundezas do mar. Demanda equipamentos caríssimos e recursos humanos altamente especializados. Exige investimentos volumosos, bilionários mesmo, e de alto risco.

Já tirar leite de vacas é simples e barato. Até onde sei, o único risco envolvido – algo raro, aliás – é o dela ser uma ‘vaca louca’ e dar uma ‘patada’ naquele que a ordenha. O leite, diversamente do que acontece com o petróleo, é uma riqueza renovável – todo santo dia lá está a vaca, à disposição!

Curiosamente, em um momento no qual discutida a mudança em nosso modelo de exploração de petróleo, o dito cujo passou a valer menos que leite! Há poucos meses o galão de petróleo WTI estava cotado a US$ 0,62 – o de leite, a US$ 1,18, quase o dobro!

Decidi buscar outras referências. Chocou-me constatar que, lá pelo ‘1º Mundo’, a gasolina – aquele combustível mais caro que o petróleo, pois que obtido ao final de um complexo e custoso processo de refinamento – tem sido vendida a preços inferiores até mesmo aos da água e cerveja!

Mas deixemos isto para lá, ficando apenas com a comparação entre o petróleo de nossa terra e o leite de nossas vacas. Aí, somente poderemos definir a situação como ‘avacalhada’ – e perceber, com infinita tristeza, que ‘a nossa vaca está indo para o brejo’.

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