Deu a louca nos homens

Dia desses li uma significativa notícia sobre o sequestro de noivas. Não, não se trata de uma brincadeira de amigos e familiares com algum pobre noivo – estamos a falar de sequestro de verdade, para fins de casamento.

Esta prática é comum no Quirguistão e no Turcomenistão. Funciona assim: o noivo ou sua família selecionam uma mulher pelas ruas e a sequestram. Uma vez capturada, ela é forçada a consentir com o casamento. Muitas vezes a própria família da vítima é contactada para, a troco de indenizações em dinheiro, ajudar no processo de convencimento.

Na Etiópia e em Ruanda é pior ainda – as mulheres são sequestradas e logo em seguida estupradas. Neste caso as próprias famílias das vítimas forçam o casamento, a troco de dinheiro e compreendendo que ninguém mais aceitaria celebrar matrimônio com estas.

É mesmo dura a vida das mulheres pelo planeta afora. Quando uma delas não consegue casamento, recusa-o ou busca encerrá-lo, não raramente passa a ser vítima de “homicídios por motivo de honra”. Só para que se tenha uma ideia, a cada ano cinco mil noivas são assassinadas na Índia porque suas famílias não conseguiram arranjar um dote adequado para o casamento.

Em alguns locais da China, quando morre um homem solteiro, muitas vezes entra em ação um sinistro serviço destinado a conseguir uma noiva-fantasma para ele. Uma jovem qualquer é morta e adquirida pela família do defunto, normalmente por valores em torno de R$ 3 mil, para que, enterrada ao lado dele, o acompanhe pelo além.

E que dizer da violência doméstica? Em algumas regiões da Índia, do Paquistão e do Bangladesh as mulheres são massacradas não a tabefes ou porretadas, mas a querosene e fogo mesmo. No Afeganistão, ao invés de queimaduras pelo fogo, os maridos optaram pela tática de jogar ácido na face das infelizes esposas, desfigurando-as para sempre – e muitas vezes igualmente cegando-as.

Há também o tráfico de mulheres. As infelizes são capturadas na Albânia, Moldova, Romênia, Bulgária, Rússia, Belarus e Ucrânia e traficadas para lugares civilizados como a Alemanha, Itália, Holanda, Espanha, Reino Unido, Grécia, Turquia, Israel, Emirados Árabes Unidos e Estados Unidos da América. Apenas na União Europeia cerca de 500 mil mulheres vítimas deste tráfico são forçadas a viver na prostituição.

Mulheres já viraram até moeda de troca. Em algumas partes de Gana um devedor pode entregar em pagamento uma filha jovem e virgem, a fim de que ela sirva como escrava sexual na família do credor. Este “meio de pagamento”, pasmem, é aceito até em templos, para o deleite dos curandeiros.

No Irã o quadro é ainda pior. Exemplifico com o caso da mulher de 22 anos estuprada pelos irmãos e condenada à morte por apedrejamento como culpada de incesto. Vem também daquele país o caso da mulher que recorreu aos tribunais pedindo que o número de surras que levava do marido fosse limitado. Entrevistada, declarou: “eu só quero que ele me prometa que as surras acontecerão no máximo uma vez por semana, pois já não estou suportando apanhar todos os dias”.

Enquanto isso, na civilizada Inglaterra, surras são utilizadas para comemorações em seguida a jogos de futebol – o número de esposas agredidas em seguida aos jogos da seleção inglesa sobe em média 31%.

Dizem alguns que vivemos em um mundo civilizado. A quem pensar assim, seguem as palavras de Auguste Rodin: “a civilização não é, em suma, senão uma camada de pintura que qualquer chuvinha lava”.

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