E a prevenção?

Dia desses meditava sobre o quão importante é a prevenção – invariavelmente apresenta-se infinitamente mais barata e menos dolorosa que lidar com o problema que surgirá caso ela não seja adotada.

Curiosamente, no entanto, a humanidade quase sempre prefere tratar dos efeitos e relegar a um segundo plano a eliminação das causas. É assim que, em pleno século XXI, penosamente tratamos de muitas doenças que poderiam ser evitadas com saneamento básico. Ou transformamos nossas cidades em fortalezas medievais ao invés de discutirmos, cientificamente, sobre como evitar-se a formação de um criminoso.

Pensemos, agora, à luz desta verdade tão simples, sobre os suicídios. Eles ferem o indivíduo e a sociedade como um todo. Talvez sejam, arrisco dizer, o mal deste início de milênio. Paradoxalmente, no entanto, pouco fazemos para estudá-lo e preveni-lo!

Não se fale na necessária instalação de redes ou barreiras físicas em lugares altos – já estaremos, com elas, tratando dos efeitos, e de forma profundamente triste. Deveríamos ir além, estudando os diversos fatores que podem contribuir para um suicídio – e a partir deles buscarmos um mapeamento estatístico acurado deste quadro.

O problema é tão complexo quanto sério. Na China e no Japão o suicídio é a maior causa de morte de jovens – pelo planeta afora a quarta maior causa. Nos EUA suicídios tiram mais vidas que homicídios.

Trata-se de um quadro superior às fronteiras – seja em sociedades ricas e avançadas ou pobres e atrasadas, salvo pequenas flutuações, os índices encontrados serão praticamente os mesmos.

Diante da perplexidade causada há quem diga ser a maior culpada a desestruturação das famílias. Outros culpam as baixas oportunidades de socialização que a vida moderna oferece. Há quem aponte o dedo para a falta de oportunidades em uma sociedade a cada dia mais consumista e injusta. Ou seria a falta de espiritualidade e de valores?

Eu não tenho conhecimento técnico para diagnosticar um quadro desses – só o que sei é que ele tem que ser estudado cientificamente. Que tal, assim, tornarmos regra a coleta e descrição técnica das circunstâncias que envolveram cada suicídio ou tentativa de suicídio? Que tal, em seguida, consolidarmos um sistema de dados que nos possibilite compreender o problema e efetivamente preveni-lo?

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