Nada foi mudado

Você já ouviu falar de Pacopampa? Trata-se de uma localidade situada no Peru, na qual um grupo de pesquisadores encontrou restos de esqueletos com ferimentos terríveis, segundo consta frutos de rituais violentos realizados ao longo do século XIII a.C. Os arqueólogos sugerem que os tais rituais estavam relacionados à produção de água e alimentos.

De lá para cá, mais de 30 séculos se passaram. E como avançamos tecnologicamente, enquanto humanidade! Transformamos o planeta em uma verdadeira “aldeia global”. Dominamos a arte de voar. Fomos à Lua. Já nos preparamos para ir a Marte.

Eis que, dia desses, li em um jornal lá da Índia uma chocante matéria sobre mulheres caçadas, vendadas, agredidas e em seguida mortas por conta de… bruxaria! Não estamos a falar de um país qualquer – trata-se da Índia, uma potência nuclear, associada aos BRICS. Aliás, li que em um único estado daquele país, Uttar Pradesh, em apenas quatro meses foram realizados 28 rituais religiosos envolvendo sacrifício humano – no mais das vezes de crianças.

Ali perto, na África, são frequentes as notícias sobre o sofrimento imposto aos albinos, cujos corpos, esquartejados, são considerados essenciais para a prática de certos rituais religiosos. Considera-se, inclusive, que seus ossos tem poderes mágicos.

Na China segue viva, apesar de perseguida pelas autoridades, a prática de sacrificar mulheres a fim de que, na condição de “noivas fantasmas”, acompanhem ricos senhores que faleceram solteiros ao além. Falamos da China, outra potência nuclear e segunda maior economia do planeta!

No Reino Unido, nos idos de 2014, a ONU alertou para o fato de que centenas de crianças estavam sendo traficadas da África para lá, a fim de serem sacrificadas em rituais de vudu. A cidade mais afetada, pasme, seria exatamente Londres.

Note que não estamos a falar de casos isolados, praticados por alguns poucos psicopatas, mas sim de práticas recorrentes, resistentes à ação do tempo. A quem estiver escandalizado com este quadro, sugiro visitar, por exemplo, o corredor fétido de alguns hospitais públicos, lotado de doentes miseráveis espalhados pelo chão, esperando um atendimento que somente chegará tarde demais – afinal, há que se oferecer sacrifícios a alguma divindade, nem que seja a do dinheiro. Pois é: nada mudou!

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