Nada para Nadia

Dia desses lia – em publicação estrangeira – uma notícia que deveria nos encher a todos de orgulho. Uma brasileira, Nadia Ayad, venceu uma competição de nível mundial, a “Graphene Challenge”. Trata-se de um certame destinado a selecionar os melhores projetos de uso de um novo material, o grafeno.

Trata-se de uma forma cristalina do carbono, cuja utilização pode promover uma revolução tecnológica superior até à que a humanidade alcançou com o plástico e o silício. Até onde estudei, o grafeno é mais forte que o aço, porém muito leve e quase transparente, além de excelente condutor de calor e eletricidade.

Nadia, estudante de engenharia de materiais do IME (Instituto Militar de Engenharia), foi convidada a visitar centros de pesquisa sobre o grafeno em funcionamento na Suécia. Seu projeto, qual o de utilizar este material para filtrar e dessalinizar a água do mar, tornando-a potável, certamente renderá boas conversas durante as visitas.

Meu primeiro pensamento, ao ler esta notícia, foi o de lamentar o quão pouco divulgado foi este feito aqui no Brasil! Coloquei o nome da nossa conterrânea no “Google”, e na primeira página de resultados apenas apareceram, quanto ao Brasil, referências quase que pessoais – nenhuma matéria de grande envergadura por um grande veículo. Passei para a segunda página, e nada! Somente lá pela terceira página começaram a aparecer algumas poucas reportagens.

Minha segunda reflexão foi dirigida ao Professor César Grisólia, do Departamento de Genética da Universidade de Brasília. Há alguns anos foi adquirido, para o laboratório daquele instituto, um potente microscópio norte-americano – os recursos vieram do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico).

Tão logo aportou por estas bandas, o instrumento foi retido pela alfândega. Ao longo de cinco meses, o professor tentou liberá-lo, sem sucesso. Houve a necessidade de se contratar um despachante – que o professor teve que pagar do próprio bolso, pois a universidade não dispõe de verba para tal fim.

Dizia Câmara Cascudo que o melhor produto do Brasil é o brasileiro. Quão bom seria que, do governo à imprensa, da burocracia às instituições, todos percebêssemos isso – à semelhança dos estrangeiros, que tantos cérebros brilhantes levam daqui, junto com nosso futuro.

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