Boa romaria faz quem em casa fica em paz

Dia desses correu pelo mundo a descrição da incrível viagem de lua de mel do casal sueco Stefan e Erika Svanström – na verdade, uma epopeia digna de um filme.

A viagem do distinto casal começou na Alemanha – onde eles foram surpreendidos por uma das piores nevascas que atingiram a Europa em todos os tempos. Acabaram retidos no aeroporto de Munique por longas 24 horas, juntamente com mais 2.500 pessoas.

Superado este trauma inicial, prosseguiram viagem e acabaram chegando à cidade de Cairns, na Austrália – onde aguardava-os o ciclone Yasi, o mais destrutivo das últimas décadas naquela região. Por conta da destruição que os fortes ventos causaram, o intrépido casal teve que abandonar o hotel no qual estava hospedado e dormir acampado no chão de um centro comercial, juntamente com milhares de pessoas – no escuro, pois sequer eletricidade havia.

Diante deste cenário de horror, decidiram ir embora dali rumo a Brisbane, onde deram de cara com uma enchente de grandes proporções – canoas, botes e barcos infláveis substituíram os carros nas ruas, e um manto de lodo cobriu praticamente toda a cidade, para desespero dos milhares de desabrigados. Aliás, em alguns bairros mal dava para ver o telhado das casas.

O jeito foi ir embora de lá – rumo a Perth, onde esperavam alcançar finalmente alguma paz. Porém, a realidade foi outra: um grande incêndio florestal espalhou-se para a cidade, destruindo dezenas de casas e até uma ponte. Com o ar da cidade praticamente irrespirável por conta da fumaça e das cinzas, Stefan e Erika chegaram à conclusão de que o negócio era sair da Austrália. E assim foram buscar abrigo na Nova Zelândia, mais exatamente na cidade de Christchurch.

Acreditem: a cidade foi palco de um violento terremoto, que atingiu 6,3 graus de intensidade. E eis o nosso impávido casal novamente às voltas com um cenário medonho, no qual os mortos chegaram perto de uma centena. Estima-se que o governo daquele país gastará alguma coisa em torno de US$ 12 bilhões para limpar e reconstruir a cidade. Especialistas declararam ter sido aquele o segundo desastre natural mais custoso da história, só perdendo para um outro acontecido nos Estados Unidos em 1994.

E eis que, seguramente exauridos após enfrentarem tantas desgraças, os dois pombinhos tiveram uma ideia brilhante: bater em retirada para o Japão, onde decerto encontrariam a paz que uma viagem de lua de mel pede!

Lá chegando, foram a um restaurante de Asakusa, no norte de Tóquio, celebrar – mas não tiveram tempo sequer de encerrar a refeição, por conta do violentíssimo terremoto que atingiu aquele país. Assustados com a força do tremor,  largaram os pratos na mesa e saíram correndo pelas ruas, contemplando a angustiante cena de prédios balançando e pedaços de telhado caindo à vista deles.

Stefan e Erika conseguiram sobreviver a tudo isto e retornar para a Suécia. Mas fica a questão: quem seria o azarado do casal? Uma rápida pesquisa permite constatar que deve ser Stefan. Afinal, em 2004 ele estava viajando pela mesma Ásia quando foi surpreendido pelo devastador tsunami que ceifou as vidas de milhares de pessoas.

Ao ler sobre esta incrível viagem deste sofrido casal, que enfrentou nada menos que seis desastres naturais de grandes proporções, fiquei a pensar em uma frase que meu saudoso avô paterno costumava repetir, do alto de sua imensa sabedoria: “boa romaria faz quem em casa fica em paz”!

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