Educação focada

Dia desses meditava sobre como o futuro foi descrito ao longo de minha infância. Em um fascinante exercício mental, os sábios da época previam que com o advento de novas tecnologias a humanidade poderia trabalhar menos e ter mais tempo para dedicar-se a simplesmente viver!

Lembro-me vivamente das belas imagens, quase sempre acentuando o verde da natureza e o azul do céu, projetando em nossas mentes uma vida ao mesmo tempo mais produtiva e mais relaxada.

Minha infância já se perdeu na estrada do tempo. Mas suas memórias servem para chegar a uma constatação: aquelas previsões estavam fundamentalmente erradas! Hoje trabalha-se muito mais – e sob uma rotina muito mais intensa – do que naquela época. Aquela tecnologia tão louvada em prosa e verso, se realmente elevou os índices de produtividade, por outro lado criou um ambiente de extrema competitividade, para o qual uma formação correta é essencial.

Curiosamente, estamos passando por outro tempo de transição análogo, qual aquele que se encerrará com o advento da utilização em larga escala de robôs e sistemas baseados na denominada “inteligência artificial”. E repete-se o mesmo erro ao prever-se um tempo de maior produtividade, mais tempo livre etc. Chega-se ao ponto de discutir-se sobre o que fazer com a mão-de-obra ociosa que fatalmente surgirá!

Contemplo o passado e chego a uma conclusão simples: a tecnologia não eliminará carga de trabalho alguma – simplesmente a ampliará, como acontece hoje. Os empregos não serão destruídos, mas apenas transferidos de setor – também como acontece hoje. Prevejo, porém, uma diferença: as exigências quanto à formação serão cada vez maiores. Não haverá, como não há hoje, carência de empregos – antes, a carência será de profissionais altamente preparados, tal como acontece hoje.

Atentos a esta realidade, vejo os sistemas educacionais norte-americanos e chineses a cada dia mais preocupados com a grade curricular dos seus estudantes, buscando adaptá-la aos empregos que surgirão neste futuro que já está logo ali.

Enquanto isso divulgou-se, em 2018, que três em cada dez brasileiros são analfabetos funcionais. Fico a me perguntar: deixaremos para a posteridade uma geração preparada para assumir seu lugar na história ou apenas um celeiro de problemas sociais a serem enfrentados?

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