Fama e morte

Poucas horas após o lamentável massacre praticado em uma escola brasileira li, na séria BBC, uma matéria digna de ampla reflexão por nossa sociedade – e que aqui compartilho. O título: “Destaque na mídia é ‘recompensa’ para atiradores”.

Fala-se, então, que “para a americana Jaclyn Schildkraut, professora de Justiça Criminal da State University of New York, que há vários anos estuda massacres em escolas e universidades do país, esse excesso de atenção acaba recompensando os atiradores, ao torná-los famosos, e pode inspirar novos ataques”.

E: “Schildkraut e outros especialistas ressaltam que uma das motivações desse tipo de massacre é a busca de atenção, fama e notoriedade. “Com o foco no atirador você está dizendo àqueles com ideias semelhantes que também serão recompensados com fama se fizerem algo parecido, ou até pior”, observa”.

O alerta seguinte: “Diversos estudos nos EUA analisam o fenômeno no qual autores de tiroteios buscam alcançar ou superar a fama de atiradores anteriores, matando ainda mais pessoas, no que é chamado de efeito imitação”.

Segue, então, a pergunta: “Qual seria a maneira responsável de noticiar esse tipo de tragédia, respeitando tanto o direito do público à informação quanto a memória das vítimas e evitando dar fama aos autores?”

A sábia resposta: “Schildkraut cita campanhas como a “Sem Notoriedade”, criada por Tom e Caren Teves, cujo filho, Alex, foi um dos 12 mortos no tiroteio em um cinema em Aurora, no Colorado, em 2012”.

Ela explica, em seguida: “O que se está propondo não é ignorar totalmente o autor, mas usar informações como seu nome ou imagem de forma muito limitada”. Sugere-se, em seguida, “citar o nome apenas uma vez, e nas menções posteriores referir-se apenas “ao atirador”.

Especificamente: “Outras sugestões são não usar o nome do atirador em títulos ou com destaque, não usar fotos grandes que ocupem o maior espaço da reportagem e não publicar manifestos ou posts de redes sociais do autor. Abordar métodos e motivações para o ataque, mas sem focar excessivamente no autor e sua imagem”.

Foi quando tive a ideia de percorrer o noticiário nacional a respeito. Salvo raríssimas exceções nenhum veículo observou lições tão óbvias, baseadas em experiências anteriores. Quão bom seria se pudéssemos aprender com os erros do passado!

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