Nosso contraste

Dia desses li que uma senhora norte-americana, de 44 anos de idade, telefonou para o serviço de emergência da polícia de Ohio a fim de se queixar de uma refeição que encomendara a um restaurante. “Não está conforme o meu gosto”, disse ela. Poucos minutos depois, foi presa por abusar de um serviço público.

Nos idos de 2014, dois turistas alemães decidiram invadir uma estação ferroviária e pichar um vagão de trem, em Cingapura. Devidamente identificados pelas autoridades através de filmagens, foram localizados já fora do país, na Malaysia. Presos e recambiados, em três meses já estavam julgados e condenados.

Algum tempo depois, na Austrália, um passageiro embriagado começou a ofender, aos gritos, os comissários de bordo. Em seguida ao pouso da aeronave, foi imediatamente preso. Poucos dias depois, já estava condenado.

No Japão, em 2008, alguém tornou público que seis estudantes de uma escola de Gifu, em viagem a Florença, na Itália, gravaram seus nomes na parede da igreja de Santa Maria del Fiore. Imediatamente em seguida os alunos foram suspensos do colégio, e o professor responsável pela excursão perdeu o emprego. O governo japonês até indagou às autoridades italianas se elas aceitariam que os culpados lá retornassem para limpar a sujeira que haviam feito – o que os italianos, polidamente, recusaram.

No Reino Unido, moradores de Londres denunciaram à polícia que o cachorro de um vizinho estava embriagado, dando vexame em via pública. Em questão de minutos o canino, da raça labrador, estava sendo tratado em um hospital veterinário, e seu dono explicando-se em uma delegacia.

Ainda naquele país, um morador da cidade de Redditch decidiu “navegar” pela Internet valendo-se da rede sem fio de um vizinho – que percebeu o ato e chamou a polícia. Acusado de “obter serviços de comunicação eletrônica desonestamente”, o invasor acabou preso, e preso respondeu a um processo.

Diante destes exemplos, alguns poderiam dizer ser desnecessário tamanho rigor. Vá lá que seja! Agora dirija-se à sua janela, e contemple o cotidiano do nosso país. Será que não temos ido ao outro extremo? Fico a pensar se já não passou da hora de buscarmos, com serenidade, um ponto de equilíbrio – a criação de uma cultura que, respeitando nosso espírito liberal e alegre, nos proporcione mais civilidade, justiça e paz social.

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