Notícias falsas

Dia desses meditava sobre as “notícias falsas” – já registradas como “fake news” na terra em que liquidação virou “sale”, centro comercial virou “shopping”, pausa para um café virou “coffee break” e por tal trilha seguimos.

Trata-se de questão que tem ganhado a atenção de todo o planeta. Já começam a surgir, aqui e ali, leis reprimindo o ato de divulgar, pela Internet, notícias falsas. Até aí, nada de novo sob o sol! Só me preocupa o fato de que será o Estado – sempre ele, e só ele – a policiar e regular a questão. E assim porque o Estado é, e sempre foi, um péssimo gestor destes assuntos!

Que o diga o povo inglês: em 1672, no Reino Unido, o Rei Carlos II editou um decreto proibindo a veiculação de notícias falsas. Três anos depois, novo decreto lançou na ilegalidade os populares “cafés”, por considerá-los lugares de propagação de fuxicos e inverdades. Somente alguns poucos estabelecimentos foram autorizados a funcionar, após seus proprietários terem comprovado serem súditos leais, e bem assim se comprometido a reportar quem, dentre seus eventuais clientes, neles se manifestasse de forma “inadequada”.

Passados mais de 340 anos, contemplo o meu planeta. Vejo seus jornais, a cada dia mais dependentes do Estado e das estruturas que o governam, publicando – ou não publicando, e já não sei o que é pior – praticamente as mesmas notícias e opiniões.

Há poucos anos lançou-se a humanidade em um ciclo de perturbações ainda sem data para terminar por conta das famosas “armas de destruição em massa do Iraque”. Cadê elas? Sequer uma foi encontrada. Eis aí, seguramente, uma das maiores notícias falsas de todos os tempos, seja por seu conteúdo, pela divulgação alcançada ou por suas consequências – não por acaso, foi patrocinada pelo Estado! E ninguém, absolutamente ninguém, foi responsabilizado por ela.

Tenho o hábito de ler jornais de lugares remotos do planeta. Escandalizado, leio reportagens sobre vacinas ocidentais testadas em crianças de países miseráveis da Ásia e África, com consequências terríveis para elas. Pois é: do “lado de cá”, sequer uma linha! Poderia, a propósito, escrever um livro sobre atrocidades surpreendentemente nunca divulgadas de forma maciça.

É diante desta realidade que pergunto: ao fim do cabo, o Estado solucionará ou aumentará o problema?

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