O consumidor tem que ser resistente

Aconteceu lá na China, há poucos meses: um consumidor, morador da província de Hainan, começou a vomitar sangue depois de tomar um pouco de água mineral. Desconfiados, seus parentes deram o resto da água a uma galinha. A infeliz penosa, segundo noticiou o jornal Beijing News, foi a óbito em menos de um minuto.

Enquanto isso, a Polícia da Nicarágua apreendeu, em 2007, 40 mil tubos de pasta de dente também chinesa, sob a suspeita de ter composição química idêntica à de uma outra que, um ano antes, causou a morte de 51 pessoas no Panamá. Segundo noticiou a rede Al Jazeera, “esta ação segue a apreensão, nos Estados Unidos, de todas as pastas de dente importadas da China, para que fossem realizados testes de constatação de dietileno-glicol, uma substância utilizada em anticongelantes e fluidos de freio”.

Há também o sempre lembrado episódio do leite produzido naquele país, que levou cerca de 13 mil bebês ao hospital. Segundo o Ministério da Saúda da China, em 104 casos os bebês apresentaram sintomas graves. Constatou-se, após uma investigação, a presença de melamina no leite – uma substância altamente tóxica, utilizada para enganar os sensores dos sistema de controle de qualidade, de forma a permitir uma maior adição de água.

Não nos esqueçamos dos brinquedos! O Governo da China encontrou irregularidades em 23% dos brinquedos produzidos naquele país. De acordo com a agência do governo chinês que fiscaliza o padrão de qualidade dos produtos fabricados e comercializados no país, mais de um quinto dos brinquedos lá produzidos podem fazer mal à saúde das crianças.

Segundo o jornal China Daily, “algodão sujo, lixo industrial e até restos de pacotes de macarrão instantâneo foram encontrados no forro de alguns bonecos”. Segundo declararam as autoridades chinesas, estes brinquedos podem causar doenças como alergias, diarréia e até pneumonia.

O Governo da China não encontrou falhas apenas nos brinquedos. Há também os populares “MP3 Players”. Segundo o Ministério da Indústria da Informação chinês, incríveis 65% dos “MP3 Players” produzidos naquele país apresentam defeitos de qualidade. De acordo com um estudo realizado com aparelhos digitais de 32 marcas chinesas, apenas 11 superaram os padrões de qualidade mínimos. Entre os defeitos mais frequentes estão problemas de som ou nos carregadores das baterias.

A preocupação do Governo da China com a qualidade procede e é saudável. Em 2005, segundo noticiou o jornal The Korea Times, descobriu-se que produtos alimentícios derivados de pescados estavam contaminados por substâncias comprovadamente cancerígenas.

Mas não são só os pescados. Pesquisa realizada em 2007, e publicada pelo jornal The Times of India, alertava para os riscos contidos em alguns dos alimentos produzidos na China: “Metade dos pacientes com câncer de estômago, de reto e de colo eram consumidores regulares de alimentos chineses”.

A quem pensar que a China só produz produtos de baixa qualidade, advertimos: grande engano! Alguns dos produtos mais refinados do planeta tem sido produzidos lá, e com qualidade absolutamente impecável.

Na verdade, apenas citamos todos estes exemplos buscando realçar o dano que alguns poucos inescrupulosos causam à imagem de um país. E isto nos veio à memória há algum tempo, quando eclodiu um rumoroso escândalo em São Tomé e Príncipe, cujo centro era a péssima qualidade de laticínios exportados pelo nosso Brasil!

Segundo li na agência Angola Press, a qualidade dos produtos que foram exportados pelo Brasil era tão ruim que eles foram classificados pelas autoridades locais como “um atentado à saúde pública”.

Para piorar, enquanto a conscientização de que trabalhar de forma incorreta é “matar uma galinha dos ovos de ouro”, no meio do embate entre a ganância e a inoperância fica o pobre consumidor – a este, apenas resta orar e ser resistente!

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