Polícia para loucos

Dia desses li que lá no Reino Unido um operador do serviço de emergência da Polícia – o nosso “190” – recebeu dada ligação de um desesperado cidadão relatando estar em dificuldades no banheiro por conta da falta de papel higiênico e pedindo a ajuda dos agentes da lei.

Ainda naquele país um elemento, perfeitamente sóbrio, telefonou para a Polícia dizendo que tinha gasto todo o dinheiro no Natal, esquecendo-se de reservar algum para pagar o metrô – solicitou, pois, uma carona para casa a bordo de alguma viatura.

Há também o caso da inglesa que procurou o serviço de emergência dizendo que o restaurante que entregava comida chinesa a domicílio não atendia suas chamadas – e assim pedia ajuda oficial para resolver o problema, pois estava com fome.

Um outro cidadão, incomodado com algum problema relacionado a energia elétrica em sua casa, optou pelos serviços policiais. O agente da lei, pacientemente, chegou até a fornecer o número da concessionária local – só para ouvir, em seguida, ser “inacreditável” que a Polícia não lidasse com problemas elétricos.

Encontrei ainda o caso de um outro britânico que relatou ao policial de plantão estar com um vazamento de água dentro de casa, razão pela qual pedia que lhe fosse fornecido o nome e número de telefone de um encanador.

Encerro a participação dos ingleses com a incrível ligação do preocupado proprietário de um cachorro relatando suspeitar que este estava com febre e solicitando a presença de uma equipe de paramédicos no local, munidos com um termômetro, para resolver o problema.

Enquanto isso, do outro lado do Oceano Atlântico, uma mulher de 45 anos foi presa em Fort Pierce, na Florida (EUA), depois que ligou para o serviço de emergência da Polícia para dizer que havia “comido demais”.

Outro norte-americano procurou os serviços policiais para relatar ter sido enganado ao comprar cocaína – cobraram do dito cujo US$ 40 por 0,4 grama, um preço que ele entendeu ser absolutamente abusivo e desonesto.

Não menos curioso foi o chamado de um larápio que arrombou uma casa, instalou-se na banheira lá existente, relaxou bastante ao longo de um demorado banho e, ao final, pediu aos policiais que levassem para ele toalhas de banho e, se possível, alguns chocolates – até onde acompanhei o caso, porém, os agentes da lei só levaram um par de algemas e nada mais.

E que dizer da ligação de uma mulher lá de Ohio, pedindo aos agentes da lei que lhe arrumassem um marido? Advertida de que o uso impróprio do serviço de emergência lhe renderia três dias de cadeia, ela insistiu para que os policiais providenciassem seu casamento – e aí acabou presa e continuou solteira.

De volta à Florida: um marmanjo de 32 anos procurou os policiais para reclamar que sua mãe implicava com seu hábito de beber cerveja, tendo chegado ao ponto de tomar-lhe uma latinha das mãos – ato por ele considerado inadmissível. E foi exatamente pensando em beber que outro norte-americano telefonou para a Polícia, buscando uma carona até algum bar. Conseguiu uma – porém, só até a cadeia local.

Ao norte dos EUA, lá no Canadá, o problema enfrentado pelos policiais foi a falta do que fumar – uma mulher de Ontario acionou os serviços de emergência pedindo que agentes fossem a alguma loja comprar mais cigarros para ela.

Os casos que colecionei dariam um livro – mas paro aqui, por falta de espaço, com a reflexão de Molière: “e de todas é uma loucura sem par, este mundo querer-se endireitar”.

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