A Justiça e o chinês Yongkang

Dia desses, ao acompanhar o noticiário da Agência Xinhua, da China, deparei-me com uma notícia significativa: “Um dos mais importantes líderes chineses pede uma maior aproximação entre os servidores e integrantes do Poder Judiciário e a população”. A autoridade em questão, que vinha a ser ninguém menos que Zhou Yongkang, membro do Departamento Político do Comitê Central do Partido Comunista Chinês, proclamou que “um verdadeiro juiz deve conhecer as necessidades do povo, eliminar seus temores, proteger seus interesses e ganhar sua confiança”. Sábias palavras! Pena que sejam ignoradas por alguns poucos pelo mundo afora.

Assim é que, na Inglaterra, um dos mais antigos magistrados do país foi preso por praticar atos indecentes dentro de um trem. Segundo li no jornal The Times, ele teria desabotoado as calças e se exibido para uma passageira. Na Itália, um outro foi afastado e condenado a 11 meses de prisão por ter repetidas vezes apalpado as nádegas de uma funcionária do Tribunal.

No Japão, conforme li no sério The Japan Times, um juiz perdeu o cargo e foi condenado a seis meses de prisão por enviar e-mails eróticos para uma funcionária do Juizado. Segundo a decisão do Tribunal que o condenou, o ato praticado, apesar de aparentemente singelo, “tem significativo impacto na sociedade, e prejudicou a confiança da população no sistema judiciário”.

Na Índia, o jornal The Times of India divulgou recentemente o caso de um juiz de Chhattisgarh que perdeu o cargo após aparecer bêbado no Juizado. No Canadá, um juiz também dos mais antigos ganhou notoriedade por xingar os piores palavrões durante sessões de julgamento. Na Austrália, o jornal The Age noticiou recentemente o caso de um juiz que fornecia dados falsos às autoridades de trânsito para evitar o pagamento de multas.

É de se perguntar, à vista de tantos exemplos, até onde estes magistrados recordam-se das palavras de Goethe, a aconselhar que “a conduta é um espelho no qual todos exibem sua imagem”.

Enquanto isso, na Índia, um juiz do Estado de Jharkhand convocou dois deuses hindus, Ram e Hanuman, para ajudar a resolver uma disputa de propriedade. Foram colocados anúncios nos jornais locais, pedindo a estes dois deuses que “comparecessem pessoalmente ao Juizado”. O processo em questão já tramitava na justiça indiana há longos dez anos, sem solução alguma, e decidiu-se então buscar a ajuda dos deuses.

Na Itália, segundo notícia publicada pelo jornal Corriere della Sera, um pai e uma mãe, divorciados, disputavam na justiça o direito de passar a Noite de Natal com o filho. E eis que o juiz, então, sacou uma moeda do bolso e definiu a questão com base no “cara ou coroa”. Em entrevista, declarou ele que “não poderia agir como Salomão, cortando a criança a meio, então decidiu apelar para a sorte”.

Há também o caso do juiz filipino que só decidia com a ajuda de três duendes, de nome Armand, Luis e Angel, com os quais havia feito um pacto para prever o futuro. De acordo com o jornal Philippine Daily Inquirer, o dito cujo só não previu que iria perder o cargo por causa disso.

Há que se perguntar, diante de fatos tão marcantes, até onde estes magistrados têm tido consciência de sua tão importante função social!

Enviar por e-mail Imprimir