Casos crônicos

Durante a Segunda Guerra Mundial os alemães, impossibilitados de invadir a Inglaterra, resolveram fustigar os ingleses com constantes bombardeios. De uma hora para outra, sem ninguém esperar, apareciam inúmeros aviões sobre Londres, e outras Cidades importantes, despejando toneladas e mais toneladas de bombas. Com isso, criavam o pânico: incêndios e destruições matavam milhares de pessoas. Pretendiam desanimar e cansar os ingleses, até forçá-los à rendição, ou pelo menos a um Tratado de paz.

Como a guerra prolongou-se de 1939 até 1945, ou seja, durante 6 longos anos, as autoridades decidiram treinar a população. Passaram a ser organizadas simulações. O povo era preparado psicologicamente através de aulas e explicações sobre o modo de receber essas agressões, resistir a elas, suportá-las e aturá-las em benefício da grandeza da Pátria.

Foi graças a esse maravilhoso trabalho, desenvolvido com inteligência e habilidade, que os ingleses, demonstrando extraordinária capacidade de resistência, conseguiram superar aquela fase e vencer a guerra.

A História registra também o exemplo do Japão. Trata-se de um País vítima de terremotos ocasionais. De vez em quando – muitas vezes no espaço de muitos anos – a terra começa a tremer, derrubando edifícios e construções, ocasionando prejuízos incalculáveis, tanto em bens materiais como em vidas humanas. Lá, também, o Governo tratou de educar o povo. Os japoneses passaram a aprender a conviver com esse imponderável fenômeno da Natureza. Desde o curso primário são dadas aulas e treinamentos às crianças para saberem se defender. Em todo lugar a população é preparada para se deslocar em poucos minutos e se proteger.

Aqui no nosso País tem havido, também, treinamentos de evacuação para os habitantes de Angra dos Reis. Prevendo a possibilidade de acidente nuclear, o Exército de repente aciona campainhas de alarme, e o povo é instruído sobre o modo como deve proceder para se salvar.

Tudo isso nos vem à memória quando vemos o que vem se passando, no nosso Estado, relativamente aos assaltos a Bancos. Há Bancos que são assaltados 5, 6 vezes seguidas. Os assaltos estão se tornando rotineiros.

Acontece que ninguém está pensando nos dramas que são criados por esses crimes: funcionários, guardas e clientes sofrem as maiores humilhações e sofrimentos, sob tremendos traumas psíquicos. Alguns são mortos, outros são feridos, mas todos ficam chocados, apavorados, mantendo pelo resto da vida as consequências do terror.

Trata-se, sem dúvida alguma, de problema seríssimo, que no entanto não vem sendo convenientemente equacionado.

Já está na hora de se compreender que: 1. a Polícia já se mostrou impotente para enfrentar a situação; 2. os assaltantes, quando são presos, logo em seguida fogem da cadeia e retornam à proveitosa atividade; 3. não estão sendo adotadas medidas para extinguir o mal, que a essa altura parece invencível; 4. já há milhares de vítimas do pânico – homens, mulheres e crianças – que, além de terem sido roubadas, se sujeitam, pela vida afora, aos efeitos traumáticos de uma ameaça sob a mira de revólveres e/ou metralhadoras.

Diante disso, tudo indica, que os bancários, e, da mesma forma, a população, têm que aprender a conviver com o problema. Assim como a hipertensão e a diabete, doenças incuráveis, crônicas, exigem que o doente aprenda a “conviver” com elas, controlando-as e estabelecendo seus regimes de acordo com orientação médica, impõe-se que sejam criados cursos e treinamentos para o povo conviver com os assaltos.

A realidade pungente e cruel impõe que sejam ministradas aulas de preparo psicológico, e treinamentos acerca do procedimento correto nessas circunstâncias – porque muitas vezes cai morta ou ferida uma vítima inocente, que se descontrolou na hora do crime.

Há hoje em dia, na criminologia, estudos maravilhosos acerca do comportamento adequado da vítima, no momento da agressão.

Já que não se pode acabar com as causas, tentemos pelo menos eliminar, ou reduzir os efeitos.

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