Novos tempos

No estudo da História vamos encontrar no Império Romano a figura espantosa de Caio Cláudio Julio Cesar. Nasceu na Germânia no ano 12 da era cristã, quando seu pai comandava operações de guerra naquelas paragens. Os soldados puseram-lhe o apelido de Calígula, devido a uma sandália chamada “cáliga”, que costumava usar. Foi reconhecido Imperador no ano 37. Por seu despotismo exagerado o seu nome passou a significar, para todos, o exemplo mais claro possível do autoritarismo e absolutismo.

Agora, vejamos em que consistia, naquela época, o Estado romanos, para que possamos fazer um juízo mais adequado da monarquia então imperante.

O Imperador recebia a coroa, para governar, por decreto do Senado. De acordo com a “lex maiestatis”, gozava dos mais amplos poderes. Tudo sob as bênçãos dos Deuses.

Calígula, por conseguinte, não foi eleito pelo povo, tendo apenas sido indicado por Tibério, seu antecessor. Não tinha compromissos com ninguém, nem tampouco havia feito promessas a quem quer que fosse.

O Governo, naquela época, não fazia estradas, nem pontes, nem portos, nem hospitais; não aposentava ninguém; não mantinha Polícia; nem sequer serviços de Correios. Empresas públicas, nem falar.

A única força policial que existia era a que visava a dar garantias ao Imperador e sua Côrte. O Exército se auto-sustentava através de ocupações e invasões a territórios estrangeiros, de onde arrancava recursos ilimitados.

Qualquer cidadão podia prestar serviços públicos, mas tinha que pagar uma taxa ao Imperador. Se alguém resolvesse fazer uma estrada, uma rua, um hospital, por exemplo, era obrigado a pedir licença a Sua Majestade, e, mediante pagamento, recebia o Alvará de Licença. Depois, o que havia recebido a concessão, cobrava pedágio, para se ressarcir do investimento e sustentar a Coroa.

O Imperador dividia o Império em Consulados, Prefeituras, Edilidades e Províncias, sendo que cada cada área dessas era entregue à administração de um Cônsul, Magistrado, Edil, Tribuno, Pretor, etc. Esse representante do Imperador cobrava do povo taxas e impostos de toda espécie e mandava uma parte para Roma.

Como todas as terras pertenciam à Coroa, o Imperador vendia os títulos e dava direito de domínio aos seus escolhidos e preferidos, formando-se uma aristocracia.

Os nobres, ou aqueles que tinham dinheiro, possuíam suas guardas pessoais, formadas às vezes de centenas de soldados.

Da mesma forma, não havia escolas públicas. Os ricos pagavam a professores que iam educar seus filhos – ensinar-lhes a ler, escrever, serem médicos, seguirem a carreira jurídica, engenharia, etc.

Os jovens aprendiam linguas e profissões dentro do castelo onde moravam, razão por que o Estado fazia uma economia brutal nos custos educacionais, e os nobres não precisavam se preocupar em colocar os filhos na escola.

Os romanos viviam felizes e satisfeitos porque Calígula mandava seus exércitos invadirem terras e mais terras nos três continentes conhecidos na época, carregando toneladas e mais toneladas de cereais, gado, ouro e pedras preciosas.

Diante de um sistema desses, que recebeu a designação de “Estado liberal”, numa época que ficou conhecida como do liberalismo, restava, como se vê, pouco serviço para o Imperador e sua Corte, que viviam dia e noite em festas, jogos e folguedos. Foi por isso, para atender melhor suas finalidades, que Calígula construiu um Palácio maravilhoso, obra faraônica, luxuosíssima, onde costumava, juntamente com seus amigos e companheiros, realizar as famosas “bacanais” – festas em honra a Baco, deus do vinho, e que consistiam em dias e mais dias de orgia e prazeres (donde, segundo consta, originou-se o “tríduo momesco”, nosso popular carnaval).

Infelizmente, não se sabe porque, o povo não ficou satisfeito com esse estado de coisas, e, após inúmeras insurreições acabou assassinando Calígula, sua mulher e sua filha, de tenra idade.

Custa a entender que pontos de semelhança poderiam existir entre esse Estado “liberal” e o “neoliberalismo” de que tanto se tem falado ultimamente.

Enviar por e-mail Imprimir